Tigres Negros, de R. Brosso, como Poesia Experimental, aqui, irrompe de um substrato: o Renascimento do Harlem. E aí é que se configura como uma Ode à Negritude, enquanto corrente literária que, conforme Léopold S. Senghor, opõe a razão helênica à emoção negra, conceito, posteriormente criticado por outros escritores que o considerariam demasiado simplificador: o tigre não declara sua “tigritude”, salta sobre sua presa e a devora (Soyinka). Que Poesia é esta, então, visionária, de negras pulsações? Profética, proferida por poetas xamãs? Não necessariamente nem, por exato, Etnopoesia, que capta tons e ritmos de um povo. O que a revela é a Língua Portuguesa de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Bahia, que instaura resistência e veicula transformação. Agarra-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola, com o Poeta-Presidente Agostinho Neto. O que a exprime é o Kentucky, o “jazz poetry” de Langston, a “Journal of Negro Life”, o “New Black Movement”.